quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Não te amo mais!

"Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais..."

Clarice Lispector

Bem...agora comecem a leitura por "É tarde demais..."

Comecei por Clarice Lispector, porque gosto muito dessa autora. A riqueza das palavras colocadas nesses versos e o duplo sentido que elas representam, considero fascinante! Em nenhum outro poema, encontrei a intensidade do "Eu te amo" e "Eu te odeio" tão próximos e com as mesmas palavras. Aliás, é bem característico da Clarice Lispector a intensidade dos sentimentos explícitos em seus poemas.

Clarice Lispector (1920-1977)  foi uma escritora e jornalista brasileira, nascida na Ucrânia, porém naturalizada brasileira. Chegou ao Brasil com dois meses de idade, portanto sempre se considerou brasileira e dizia sobre a Ucrânia... "Naquela terra eu literalmente nunca pisei: fui carregada de colo".
Nasceu em momento turbulento para sua família, pois seus pais percorriam por diversas aldeias da Ucrânia fugindo da perseguição contra os judeus durante a Guerra Civil Russa.
Perdeu a mãe ainda na infância, quando contava apenas 9 anos de idade. Clarice sofreu com a morte da mãe, e muitos de seus textos refletem as figuras de milagres que a salvariam. Ela  morreu em consequência de uma doença que adquiriu durante a Guerra Civil Russa. É possível que essa melancolia encontrada nos textos de Clarice sejam consequências de grandes sofrimentos desde muito cedo.
Também não teve o pai por muito tempo, Clarice o perdeu aos 19 anos, quando foi submetido a uma cirurgia. A partir de então, passou a ter apenas a irmã Elisa como companheira.
Em 1940, publicou seu primeiro conto na Revista Pan.
Podemos atribuir a melancolia de Clarice também a uma amor não correspondido. Ela se apaixonou pelo escritor Lúcio Cardoso, seu colega de trabalho na Agência Nacional. Mas Lúcio era homossexual e por isso não correspondeu ao amor da colega. 
Mas Clarice se casou com o colega de turma Maury Gurgel Valente, futuro pai de seus dois filhos. O marido passou a fazer parte do quadro do Ministério das Relações Exteriores.Clarice morou na Itália com o marido diplomata onde serviu durante a Segunda Guerra Mundial  como assistente voluntária junto ao corpo de enfermagem da FEB( Força Expedicionária Brasileira) . Clarice também morou na Inglaterra, Estados Unidos e Suiça. Sempre escrevendo aos amigos para dizer da saudade que sentia do Brasil para onde retornou após o término do casamento.
Uma curiosidade sobre a vida de Clarice é que foi considerada "a grande bruxa da literatura brasileira" porque participou do Primeiro Congresso Mundial de Bruxaria, na Colômbia. Apresentou seu conto "O ovo e a galinha" e fez muito sucesso entre os participantes. Esse fato rendeu muitas críticas à autora. 
Clarice faleceu no Rio de Janeiro, em 1977, após ter sido diagnosticada com câncer inoperável no ovário. O diagnóstico veio pouco depois da publicação de "A hora da estrela".

2 comentários:

  1. Show de bola... quer dizer então que ela participou de um Congresso de Bruxas... será que ela era de Grifinória? rs... Gostei dela!

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  2. Se não for da Somserina tá valendo né? rs

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