terça-feira, 18 de outubro de 2011

O MORCEGO (Augusto dos Anjos)


OMORCEGO


 "Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.

“Vou mandar levantar outra parede…”
- Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!

Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh’alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!

A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, á noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!"



Augusto de Carvalho Rodrigues dos Santos (1884-1914) foi um poeta brasileiro identificado como simbolista ou parnasiano, mas também foi considerado pré-modernista por alguns autores devido a características expressionistas em seus poemas.
Simbolista ou pré-modernista, excelente autor, que mesmo utilizando horrenda criatura, a qual os autores não costumam inspirar-se para escrever poemas, consegue repassar em seu poema o peso da consciência humana. Descreve com perfeição o nosso pensamento auto-crítico através de uma comparação com o morcego.
Augusto dos Anjos foi considerado um autor precoce, já que seus primeiros versos foram escritos com apenas sete anos de idade.A melancololia é uma carcterística sempre presente em seus poemas, chegando a chocar alguns  leitores pelo uso de palavras muito negativas como podemos observar em "Psicologia de um vencido"descrito abaixo:

"Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme - este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e á vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!"


Essa linguagem causava repulsa nos críticos da época. O poeta só encontrou sucesso em seus poemas após a sua morte. Até hoje há muitas divergências entre os críticos a respeito de suas obras e as opiniões geralmente são extremas, alguns amam, outros odeiam. O fato é que Augusto dos Anjos se tornou um autor muito comentado até os dias de hoje e está longe de passar despercebido na literatura brasileira.



quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil ( Leandro Narloch)

Um livro muito interessante e polêmico. Discordei do autor em alguns aspectos e até o considerei um pouco radical, mas em muitos assuntos ele "mandou a real" como diria na gíria...rs.Foi uma leitura muito importante pra mim, porque percebi que tinha uma visão muito ingênua e romantizada da História do Brasil. Inclusive, considero ter ganho com esse livro o q eu chamaria de "maturidade acadêmica" de ser mais questionadora e observar a coerência dos fatos. É importante perceber aquilo que não faz sentido...questionar mesmo.
Prefiro não comentar o que concordo e discordo para não marcar spoiler...rs. Até porque, vale a pena conferir e tirar suas próprias conclusões...






Não te amo mais!

"Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais..."

Clarice Lispector

Bem...agora comecem a leitura por "É tarde demais..."

Comecei por Clarice Lispector, porque gosto muito dessa autora. A riqueza das palavras colocadas nesses versos e o duplo sentido que elas representam, considero fascinante! Em nenhum outro poema, encontrei a intensidade do "Eu te amo" e "Eu te odeio" tão próximos e com as mesmas palavras. Aliás, é bem característico da Clarice Lispector a intensidade dos sentimentos explícitos em seus poemas.

Clarice Lispector (1920-1977)  foi uma escritora e jornalista brasileira, nascida na Ucrânia, porém naturalizada brasileira. Chegou ao Brasil com dois meses de idade, portanto sempre se considerou brasileira e dizia sobre a Ucrânia... "Naquela terra eu literalmente nunca pisei: fui carregada de colo".
Nasceu em momento turbulento para sua família, pois seus pais percorriam por diversas aldeias da Ucrânia fugindo da perseguição contra os judeus durante a Guerra Civil Russa.
Perdeu a mãe ainda na infância, quando contava apenas 9 anos de idade. Clarice sofreu com a morte da mãe, e muitos de seus textos refletem as figuras de milagres que a salvariam. Ela  morreu em consequência de uma doença que adquiriu durante a Guerra Civil Russa. É possível que essa melancolia encontrada nos textos de Clarice sejam consequências de grandes sofrimentos desde muito cedo.
Também não teve o pai por muito tempo, Clarice o perdeu aos 19 anos, quando foi submetido a uma cirurgia. A partir de então, passou a ter apenas a irmã Elisa como companheira.
Em 1940, publicou seu primeiro conto na Revista Pan.
Podemos atribuir a melancolia de Clarice também a uma amor não correspondido. Ela se apaixonou pelo escritor Lúcio Cardoso, seu colega de trabalho na Agência Nacional. Mas Lúcio era homossexual e por isso não correspondeu ao amor da colega. 
Mas Clarice se casou com o colega de turma Maury Gurgel Valente, futuro pai de seus dois filhos. O marido passou a fazer parte do quadro do Ministério das Relações Exteriores.Clarice morou na Itália com o marido diplomata onde serviu durante a Segunda Guerra Mundial  como assistente voluntária junto ao corpo de enfermagem da FEB( Força Expedicionária Brasileira) . Clarice também morou na Inglaterra, Estados Unidos e Suiça. Sempre escrevendo aos amigos para dizer da saudade que sentia do Brasil para onde retornou após o término do casamento.
Uma curiosidade sobre a vida de Clarice é que foi considerada "a grande bruxa da literatura brasileira" porque participou do Primeiro Congresso Mundial de Bruxaria, na Colômbia. Apresentou seu conto "O ovo e a galinha" e fez muito sucesso entre os participantes. Esse fato rendeu muitas críticas à autora. 
Clarice faleceu no Rio de Janeiro, em 1977, após ter sido diagnosticada com câncer inoperável no ovário. O diagnóstico veio pouco depois da publicação de "A hora da estrela".

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O homem do futuro

Nem eu mesma esperava que esse fosse meu primeiro "post", mas acabei de chegar do cinema e com muita vontade de comentar sobre "O homem do futuro".
O filme foi excelente! Wagner Moura estava perfeito como sempre, um ótimo ator! Legião Urbana na trilha sonora com Tempo perdido. Muito bom para relembrar a adolescência! Enfim...diversão garantida.
E se eu cometar mais alguma coisa...terei que marcar "spoiler" aqui no blog, como temos o costume de fazer no SKOOB...rs. Sendo assim, apenas deixo registrada a dica...

Olá!

Olá, me chamo Lourdinha e estou inaugurando este Blog Literário para poder conversar com pessoas interessadas em compartilhar idéias e impressões sobre a Literatura Brasileira e estrangeira e assuntos correlatos. Sou fã de autores como Clarice Lispector, Pedro Bandeira, Fernando Pessoa entre outros.

Por enquanto é isso, mas já estou preparando meu primeiro "Post" que em breve será publicado!

Beijinhos!